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História

RESUMO
Lançamento da 1ª. Pedra: 15 de Maio de 1955


Início da construção: 13 de Junho de 1955


Arquitectos: João de Almeida e António de Freitas Leal


Inauguração: 9 de Dezembro de 1956


Construtor: Diamantino Tojal

Capacidade: 1500 pessoas

Custo total: 1.938.098$80



Particularidades: Igreja “cristocêntrica”, foi concebida num jogo espaço/luz, com valorização do altar-mor, para onde todo o interior converge. Este altar apresenta-se significativamente afastado da grande parede do fundo, forrada de pedra cinzenta. Abre-se à Assembleia, que ocupa a nave central e os braços do transepto.


Baldaquino suspenso, da autoria do pintor J. Escada; Escultura de Santo António, em mármore, e crucifixo do altar-mor, em bronze, da autoria do escultor Lagoa Henriques; Crucifixo do altar lateral, do escultor Hélder Baptista.
Painel de azulejos, na fachada, do pintor ceramista Manuel Cargaleiro;


Inauguração da Torre sineira e anexos: 8 de Dezembro de 1958
Construtor: Clemente José Cancela

A IGREJA - HISTÓRIA DE UMA CONSTRUÇÃO

A instituição de uma Paróquia pressupõe necessariamente a existência de uma comunidade humana e, nela, a vida de uma comunidade de crentes. Assim foi ao longo dos tempos. Assim foi na jovem freguesia de Moscavide. Em consequência, não é possível entender a emergência da vida paroquial sem conhecer, ainda que genericamente, o nascimento e evolução da actual vila de Moscavide.


Embora em tempos medievais a paróquia tenha sido assumida como instituição estruturante de uma população em crescimento, designando-se frequentemente por “freguesia”, a posterior evolução histórica conduziu a uma alteração desse sentido. No Portugal contemporâneo a freguesia civil tornou-se instituição diferenciada da paróquia, mas nem por isso esta deixa de se apresentar como um corpo activo, fermento de vida cultural e social, oferecendo aos estudiosos verdadeiros retalhos do quotidiano das povoações em que está inserida.


Assim acontece com Moscavide. Se é certo que inúmeras realizações e progressos conduziram à instituição da freguesia civil em 1928, não é menos verdade que essa dinâmica comunidade, oriunda de diversas zonas geográficas, não perdeu o sentido da vida espiritual e quis, com esforço e trabalho, construir o suporte material da sua fé: a Igreja.


Desde cedo a comunidade cristã se reuniu, numa organização potenciada a partir de 1931, quando o Seminário Patriarcal de Lisboa se veio instalar na Quinta do Cabeço, já parte integrante da jovem freguesia de Moscavide. Ali iam as crianças receber lições de Catequese, de que era responsável o Padre Francisco Wackers. E em 1942 já o Padre Gregório Verdond lançava os escuteiros – foi o agrupamento 146 - congregando muita da juventude de então. Fisicamente afastada da Paróquia de Santa Maria dos Olivais, a que pertencia, a comunidade cristã de Moscavide continuaria a ser liderada pelo Seminário dos Olivais. O seu processo de autonomização foi progressivo  e, a partir de 1945, passaria a ter Livros de Assentos próprios. O primeiro registo, que foi assinado pelo Padre Francisco Wackers, foi de um baptizado, realizado na “Capela Pública da Quinta do Cabeço, que faz as vezes de paroquial de Moscavide”, a 25 de Fevereiro de 1945. Do mesmo ano são também os primeiros Livros de Casamentos e de Óbitos.


Importava agora criar localmente um espaço físico para acolher a comunidade. O primeiro documento arquivado, relativo à construção da Igreja, está datado de 30 de Dezembro de 1949. Trata-se da escritura de compra, à Sociedade Santiago & Alvarez, pelo preço de cem escudos,  assinada pelo Padre António Ferreira, “Pároco da Paróquia dos Olivais”, de um “talhão de terreno para construção com a área de setecentos noventa e dois metros quadrados, sito na Quinta dos Marcos, freguesia de Moscavide…”. Em 10 de Fevereiro de 1950, foi enviada uma carta ao Cardeal Patriarca de Lisboa, dando indicações sobre o andamento da planta que o arquitecto estava a preparar. Porém, nessa missiva levantavam-se já dúvidas sobre as dimensões interiores do templo “… que só tem dez metros de largura por trinta e dois de comprimento… não levará mais de 600 a 700 pessoas…”.


Não se guarda qualquer outra notícia sobre a continuação deste projecto que, por certo, rapidamente viria a ser abandonado. Entretanto, nos últimos meses de 1951, um outro personagem entrava em cena na futura Paróquia de Moscavide: o Padre Armindo dos Santos Duarte que, a partir de então, começou a assinar os Livros de Registos. Ao assumir a responsabilidade de Moscavide, intitulava-se Vigário, coadjutor dos Olivais. A primeira grande manifestação que liderou foi a recepção à Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que andava “… em viagem de paz pelo concelho de Loures”. A adesão da população foi enorme, mas a Missa Solene teve de ser celebrada no seminário dos Olivais. Talvez por isso, a partir desse grande momento cresceu a emergência de um local de culto condigno na povoação. Sem a igreja construída, foi encontrada uma solução transitória, alugando-se um barracão, que fora antigo cinema. Moscavide, que contava já com mais de 15.000 habitantes, manteve esta situação durante quatro anos!


Mas não se descurava o objectivo de construção de um edifício próprio, tendo o primeiro projecto sofrido várias alterações. A principal delas foi a mudança do local inicialmente previsto. A nova localização seria no topo da Avenida principal, num espaço desafogado, “compreendido entre a Av. De Moscavide, R. 28 de Maio, R. António Luís Moreira e R. Arminda de Carvalho”.


A primeira pedra do novo templo foi colocada a 15 de Maio de 1955, tendo a construção um orçamento inicial de 1.415.498$10. Quanto ao terreno anteriormente comprado para edificar a Igreja, foi decidido ali construir um edifício de raiz para o Centro Social, que desde 1944 funcionava em casa alugada, designando-se Centro de Assistência Social de Moscavide.


Para fazer face às inúmeras despesas assumidas programaram-se uma série de medidas, entre as quais avulta a venda de um terreno da Rua Francisco Marques Beato, que anos antes fora adquirido pelo Centro. A isso se juntava a actividade do grupo de pessoas mais empenhadas nas construções que, sempre liderado pelo Padre Armindo, desenvolveu as actividades mais variadas com vista à angariação de fundos.
A construção teve início efectivo em 13 de Junho, sob os auspícios do Santo escolhido para “orago” da Paróquia: Santo António. Entretanto, tendo sido demolido o velho cinema, o culto passou a ter lugar numa das salas, já quase pronta, do Centro Social, cuja construção arrancara antes da Igreja. Posteriormente passaria para a cave da igreja ainda em construção.


Para o valor inicialmente orçamentado, havia uma comparticipação do Estado, no valor de 680 contos e contava-se com mais 250.000$00 que seriam o resultado da cotização da população. Havia ainda 75 contos doados pela Companhia Nacional de Electricidade. Era indispensável encontrar o restante valor. Para tanto se desdobraram em iniciativas o futuro Pároco e a Comissão de Obras. Fizeram-se múltiplos pedidos à indústria local, organizaram-se festas, leilões, cortejos… Para a população em geral foram preparadas cadernetas individuais, a pagar em 52 semanas, no montante que cada participante quisesse definir. Cada senha semanal designava-se “Uma pedra para a Igreja de Moscavide”. O conjunto destas cadernetas viria a ser introduzido na pedra do altar-mor, imediatamente antes do espaço reservado às relíquias de santos.


Por entre inúmeras dificuldades, bem documentadas nas cartas escritas pelo Padre Armindo, tanto para entidades oficiais como para particulares, certo é que a construção foi avançando e, no final de 1956, tudo se preparava para a inauguração.


A respectiva cerimónia ocorreria num domingo, 9 de Dezembro desse mesmo ano.
Antes, porém, era necessário obter a instituição da Paróquia.

FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA DE SANTO ANTÓNIO DE MOSCAVIDE

A comunidade estava viva. Dera suficientes mostras da sua militância activa há largas dezenas de anos. Importava institucionalizar esta Igreja local. Isso aconteceria antes da inauguração do templo.


Na sequência dos contactos oficiais do Padre Armindo, com indicações precisas sobre a povoação em geral e a comunidade cristã em particular, o senhor Cardeal Patriarca responderia favoravelmente.


Com data de 5 de Dezembro de 1956, era assinado o decreto de instituição da Paróquia. Por força desse diploma ficava criada a Paróquia de Santo António de Moscavide, com efeitos a 8 de Dezembro de 1956, dia de Nossa Senhora da Conceição!



DOM MANUEL II, CARDEAL PRESBÍTERO DA SANTA IGREJA ROMANA,
DO TÍTULO DOS SANTOS MARCELINO E PEDRO, POR MERCÊ DE DEUS
E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA, PATRIARCA DE LISBOA


Considerando que Moscavide já constitui uma quase-paróquia, com vida autónoma, com sacerdote e registos privativos;
Considerando que tem uma população de cerca de 18.000habitantes;
Considerando que em breve será aí inaugurada uma nova igreja, construída pela fé generosa dos seus habitantes;
Considerando que já é freguesia civil;


Ouvido o Exmº. Cabido da nossa Santa Igreja Patriarcal:
HAVEMOS POR BEM criar a nova paróquia de Moscavide, com sede na nova Igreja, tendo como orago o glorioso Doutor da Igreja, Santo António de Lisboa, e com os seguintes limites:
Norte: Quinta do Ferro, Quinta da Alegria e Quinta Velha, confrontando com as Quintas do Casquilho, do Carmo, Fidalgo e do Pinho.
Sul: extremo do concelho de Loures, confrontando com a Estrada da Circunvalação e Estrada de Beirolas,
Leste: confronta com o Caminho Público e o Rio Tejo.
Oeste: Quinta do Ferro, confrontando com o Caminho Público.
Este nosso Decreto entra em vigor no dia 8 do corrente mês, Festa da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal.
Dado em Lisboa, no Paço Patriarcal, sob o nosso Sinal e Selo Grande das Nossas Armas, aos 5 de Dezembro de 1956.
  Ass: + M. Card. Patriarca

INAUGURAÇÃO DA IGREJA

Com as obras em fase final, a Comissão Fabriqueira preparava o grande dia da inauguração, ou seja, o dia 9 de Dezembro de 1956. As primeiras cartas de convite, remetidas a 15 de Novembro, indicavam que estariam  presentes: Sua Iminência o Cardeal Patriarca, o Ministro das Obras Públicas e o Governador Civil de Lisboa. Mais se informava, que as autoridades chegariam pelas 14 horas ao limite da freguesia, junto dos autocarros, “… onde será organizado um cortejo até ao Centro de Assistência, idêntico ao do dia do lançamento da primeira pedra…”. Para tanto foi pedida, mais uma vez, a colaboração da Sociedade Filarmónica União Capricho Olivalense.


Mas a grande festa teria vigília. Por isso se pediu à Academia Recreativa Musical de Sacavém que colaborasse com a sua Banda, na Procissão que, dia 8, pelas 14,30, se organizaria “… com início no largo fronteiro ao Seminário de Cristo Rei, com a imagem de Nossa Senhora da Conceição… com passagem por algumas ruas de Moscavide, até à nova Igreja. Posteriormente, “por motivos de ordem económica”, esta Banda seria substituída pela Banda dos Olivais. Esteve, contudo, presente nas celebrações do dia 9 de Dezembro.


A 19 do mesmo mês de Novembro, outras cartas eram enviadas, com o objectivo de obter diversas colaborações: ao Presidente da Câmara de Loures solicitaram-se mastros e bandeiras, incluindo as de ornamentação das janelas; idêntico pedido foi endereçado à Câmara Municipal de Lisboa; aos sempre presentes Bombeiros Voluntários voltava a pedir-se participação no cortejo e ainda a aparelhagem de som. À Polícia de Segurança Pública solicitava-se reforço de efectivos “porque julgamos não nos ser possível, só com o auxílio das autoridades locais, conter o povo que deseja assistir ao acto e ainda as pessoas que aqui se deslocam aos domingos…”. Ao Clube Familiar Moscavidense, bem como ao Atlético Clube, pedia-se presença, com bandeiras e guiões e, a este último, microfones e restante equipamento de som. Da Columbofilia Esperança, esperava-se não só a presença, com estandarte, mas também uma “solta” de pombos, o que foi cumprido.


Com todas as colaborações asseguradas, foi estabelecido um programa das “solenidades religiosas” preparatórias da Inauguração:
Domingo, 2 de Dezembro – 21H30 – sessão solene dentro do edifício, antes da sua sagração, “de agradecimento ao Povo de Moscavide e a todas as entidades que de algum modo concorreram para a sua construção”.


Nesta sessão foi apresentado o AUTO DA INAUGURAÇÃO, composto pelo Padre Viçoso Freire, especialmente para o acto.


De 3 a 8 – 21H00 – Pregações preparativas do grande momento, na cripta da igreja.


Sábado, 8 de Dezembro – 15H00 – Concentração no largo fronteiro ao Seminário, seguida de Procissão “para conduzir para a futura Igreja uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, oferta de um paroquiano. Percorrerá: Rua Francisco Marques Beato, R. D. Maria do Rosário Patacão, R. Gonçalo Braga, volta ao Jardim, R. Laureano de Oliveira, R. João Luís de Moura, em direcção à Rua de Olivença e Avenida de Moscavide”.


Domingo, 9 de Dezembro – 14H30 – Recepção das autoridades na Rua de Olivença, seguida de cortejo para o Centro de Assistência Social, onde seria inaugurada a Biblioteca Paroquial e um aparelho de radioscopia.


Formação do cortejo litúrgico para a BENÇÃO DA IGREJA, seguida de missa cantada pela Schola Cantorum do seminário, alternada com os fiéis.


Assim se cumpriu!

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